Cairo, 26/5 – Os diplomatas africanos acreditados na República Árabe do Egipto participaram hoje, domingo, numa Conferência de reflexão sobre o passado e presente de África, e perspectivas para o futuro, por ocasião da celebração do 60º aniversário da I Cimeira da primeira instituição continental pós-independência de África, a Organização da União Africana (OUA), realizada, em 18 de Julho 1964, na cidade do Cairo.
Realizado sob o lema central “Da descolonização à Integração”, a Conferência foi promovida pelo Grupo de embaixadores africanos, em coordenação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio e apoio da Liga Árabe, tendo congregado os diplomatas das 40 embaixadas baseadas no Cairo, além de representantes de Organizações internacionais e regionais.
Em três painéis, os participantes falaram (1) “Da Descolonização à Integração – As Realizações de África desde o Cairo 1964 e o Caminho a Seguir”, um tema presidido pelo embaixador de Angola no Egipto, Nelson Cosme, que teve como painelistas o ex-ministro da Informação e de Estado dos Negócios Estrangeiros do Egipto, Mohamed Fayeq, o antigo SG-Adjunto da OUA, Ahmed Haggag, e o embaixador do Gana no Egipto, Obed Boamah Akwa.
Neste painel, foram abordadas as realizações das organizações pan-africanas (OUA e UA), nos últimos 60 anos, o significado, hoje, da Cimeira da OUA no Cairo de 1964, e as oportunidades e desafios que África e as organizações africanas enfrentam hoje e no futuro.
O II painel, abordou o tema “Um Novo Paradigma de Desenvolvimento para África – Aproveitar Oportunidades e Superar Desafios”, e foi coordenado pelo embaixador da África do Sol no Egipto, Joseph NTSiKI Mashimbye, tendo sido painelistas a vice-presidente do Afreximbank, Denys Denya, o embaixador Ashraf Swelam, ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros das Organizações e Comunidades Africanas do Egipto, a embaixadora do Níger, Nana Aicha, bem como o vice-presidente de sustentabilidade do grupo Elsewedy Electric, Manal Hassan.
Este painel, analisou e considerou, na melhor das hipóteses, mistos, os resultados da execução da agenda 2063, uma década depois, concebida como a “Década de Convergência” dos países africanos, em torno de diferentes objectivos.
Numa análise introdutória, considera-se que embora os países africanos tenham integrado com sucesso a Agenda 2063 nos seus planos nacionais de desenvolvimento (NDP), e alinhado-a com outros quadros de desenvolvimento globais, continentais e regionais -, mais notavelmente os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas -, é inegável que a sua implementação está aquém dos resultados desejados em áreas-chave, como a redução da pobreza e a criação de emprego.
Neste sentido, considera-se imperativo que, à medida que África embarca para o segundo Plano de Implementação, designado “Década da Aceleração”, redobre os esforços para promover as suas aspirações de desenvolvimento, aproveite as vastas oportunidades e supere os sérios desafios que enfrenta, mormente a mobilização de recursos, desenvolvimento de infra-estruturas, libertar o potencial da Zona de Comércio Livre Continental, promover o nexo paz-desenvolvimento, melhorar as estruturas de governação nacionais e construir resiliência e adaptabilidade a choques externos, incluindo as alterações climáticas.
Em suma, foram analisas as lições aprendidas com o primeiro plano decenal de Implementação da Agenda 2063, como os resultados devem influenciar na execução da segunda fase, como a Zona de Comércio Livre Continental Africana deve cumprir a sua promessa de ser a locomotiva da integração continental, e o papel a assumir pelas instituições financeiras africanas e do sector privado na aceleração da implementação da Agenda 2063.
“Enfrentando Desafios Complexos de Paz e Segurança – Construindo e Sustentando a Paz”, foi o tema do III painel, cuja coordenação esteve a cargo do embaixador da Zâmbia no Egipto, Topply Lubaya, integrado pelo ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros para os Assuntos Africanos do Egipto, Ihab Awad, o director do Departamento do corno de África e Sudão,
Zeid Alsabban, e o director do Centro de Desenvolvimento Pós-Conflito e Reconstrução da União Africana, Libakiso Matlho.
Esta sessão abordou os complexos desafios de segurança que o continente enfrenta, ante as mudanças estratégicas e de ameaças e desafios de segurança prementes no continente, que incluem conflitos armados, terrorismo e alterações climáticas, entre outras.
Para enfrentar estes desafios, considera-se que África – com o apoio dos seus parceiros – precisa de adoptar novas abordagens e implementar novas ferramentas, que se adequem ao objectivo de um ambiente de ameaças em constante mudança.
Neste sentido, os diplomatas africanos refletiram sobre o estado dos actuais esforços empreendidos pela UA para fazer face ao complexo ambiente de ameaças que o continente enfrenta, até que ponto as novas abordagens para promover, manter e construir a paz conduzem à segurança e ao desenvolvimento do continente, e que nova abordagem deverá a UA adoptar para promover o nexo paz-desenvolvimento, através de parcerias.
SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E IMPRENSA DA EMBAIXADA DA REPÚBLICA DE ANGOLA NA REPÚBLICA ÁRABE DO EGIPTO, CAIRO, AOS 26 DE MAIO DE 2024.